2023
Canfranc Station, Espanha
Uma impressionante estação ferroviária nos Pirenéus, outrora estratégica, foi salva da ruína. A Sika colaborou com especialistas de renome na renovação desta estação transformando-a num destino com alma.
CONTEXTO
A construção da Estação de Canfranc começou em 1921, como parte de um sonho antigo: criar um grande eixo ferroviário que ligasse Espanha a França através dos cumes mais altos da cordilheira. Toda a estação foi construída para impressionar, a 1.195 metros de altitude. A estação sobreviveu a um incêndio, a conflitos civis e à guerra na Europa, mas acabou por encerrar em 1970, após o colapso de uma ponte em território francês.
Ainda assim, o destino da Estação de Canfranc sempre apontou para algo maior.
DESAFIO MONUMENTAL
A visão era arrojada: transformar uma das estações ferroviárias mais históricas da Europa num hotel de luxo, preservando simultaneamente a sua integridade estrutural e arquitectónica. O arquitecto e gestor do projecto, José Miguel Sancho Marco, recorda bem a dimensão do desafio que tinham pela frente.
"Havia problemas estruturais graves, sobretudo na fundação do edifício e nas fachadas em betão. Os elementos metálicos estavam enferrujados e corroídos, o que exigiu uma análise cuidada e posterior reparação, pois tinham provocado fissuras no betão. Além disso, as modificações feitas ao longo do tempo no sistema de drenagem originaram infiltrações de água e instabilidade do solo, levando à degradação de muitos dos pilares." José Miguel Sancho Marco, Arquiteto e Gestor de Projeto
Duas características da Estação de Canfranc – também conhecida como o “Titanic das Montanhas” – destacavam-se:
- A sua estrutura simétrica em cúpula, outrora a segunda maior estação ferroviária da Europa, estendia-se por quase um quarto de quilómetro.
- Para além disso, o betão armado, em vez da habitual alvenaria de pedra, foi utilizado tanto na fachada como nos pilares interiores.
O betão armado com aço presente nos elementos horizontais e verticais da estrutura ajudava a absorver tensões diversas e a evitar uma degradação ainda maior, tendo em conta o clima da região.
Sendo uma estrutura cultural protegida, exigia a preservação dos pormenores históricos.
DESAFIOS
Como explica Borja Jiménez Salado (Engenheiro de Produto de Infraestrutura na Sika) o clima e a localização foram determinantes nas decisões tomadas ao longo do projecto.
"Canfranc situa-se num vale estreito que recebe apenas algumas horas de sol por dia. Como tal, as geadas de inverno e as condições meteorológicas adversas poderiam acelerar ainda mais a degradação do edifício. Isto tornou essencial a aplicação de um conjunto de soluções inovadoras, capazes de garantir um desempenho eficaz em condições extremas e, em alguns casos, até de serem aplicadas durante o inverno com técnicas especializadas. " Borja Jiménez Salad, Engenheiro de Produto de Infraestruturas na Sika
Os especialistas técnicos da Sika colaboraram de forma próxima com os parceiros do projeto para garantir que a estrutura fosse hermética, com isolamento térmico adequado e em conformidade com os padrões energéticos mais exigentes.
A AINUR Trabajos Verticales, aplicador dos sistemas Sika, esteve envolvida desde o início do projeto. O especialista Sergio García Domínguez recorda os processos utilizados na transformação do edifício:
“Reforçámos elementos-chave, como as vigas, com fibra de carbono, resinas e outras soluções comprovadas. Para proteger o edífício contra a corrosão futura, aplicámos revestimentos especiais e hidrorrepelentes. Também tivemos de ter em conta as condições climatéricas ao restaurar as cores originais da estação.”
Métodos de limpeza com jato de água a alta pressão ajudaram a remover anos de degradação antes do início dos trabalhos de precisão nas juntas.
“Utilizámos cinco tipos diferentes de argamassas de elevado desempenho para a reparação do betão, impermeabilização e durabilidade. Algumas foram também aplicadas na recuperação dos vãos e das chaminés.”
Apesar do clima rigoroso, os métodos utilizados vão proteger a estrutura.
"O edifício abandonado era, essencialmente, uma fachada danificada, uma cobertura e uma estrutura interior. Tudo precisava de ser restaurado. " José Miguel Sancho Marco, Arquiteto e Gestor de Projeto
TUDO AO DETALHE
A legislação relativa a bens culturais protegidos teve tanto impacto na renovação quanto o próprio clima. Qualquer alteração proposta tinha de ser feita em nome da conservação, consolidação e reabilitação. Para além disso, o carácter do edifício não podia ser alterado.
O governo regional e os organismos competentes tinham de aprovar os projetos iniciais, bem como qualquer modificação realizada ao longo de todo o processo.
Mercé Ortí Ballester (Diretora do Estudio Métodos de la Restauración), compreendeu bem as exigências. “Ao restaurar um edifício de património, é necessário preservar o seu carácter histórico, garantindo que as intervenções sejam reversíveis e respeitosas. Neste caso, não podíamos alterar as fachadas, apesar da degradação que encontrámos. Cada pormenor arquitectónico e textura intrincada tinha de permanecer fiel ao projecto inicial”
O primeiro passo consistiu em utilizar técnicas avançadas – incluindo espectrometria, microscopia eletrónica de varrimento e cromatografia – para analisar as camadas originais da fachada e as cores dos acabamentos interiores.
A equipa obteve, então, as aprovações necessárias para avançar com o seu plano meticuloso. “Lembro-me de que foram necessários inúmeros ancoragens e injeções de argamassa e resina para manter a integridade estrutural e estética do edifício. O trabalho exigido foi quase de natureza cirúrgica.”
Os pormenores falam por si.
Os interiores foram adaptados para os hóspedes do hotel, mantendo a história da estação.
UMA NOVA VISÃO
O Canfranc Estación, de cinco estrelas e operado pelo Barceló Hotel Group, abriu as suas portas em 2023. O exterior renovado já não se parece com o que era, mas é exatamente igual ao que foi. Cada cornija, frontão e superfície brilha. As 365 janelas do edifício cintilam. Os comboios estacionados logo à frente, que antes estavam em repouso, agora acolhem restaurantes de renome, um dos quais com uma estrela Michelin. E o vasto salão principal, que outrora servia como um local de passagem, tornou-se um espaço acolhedor para desfrutar.
O sucesso desta colaboração público-privada é um bom presságio para a recuperação de outros edifícios com valor cultural, que simplesmente não poderiam ser construídos nos dias de hoje. David Muñoz, Subgerente do novo hotel, concorda.
"Tanto a comunidade local como os hóspedes do hotel acolheram com entusiasmo a restauração da estação. Esta meticulosa renovação garante que o fascínio por Canfranc, tal como a própria estrutura, perdurará." David Muñoz, Subgerente do hotel
Projecto
José Miguel Sancho Marco
AINUR Trabajos Verticales
Sika S.A. España